Debate étnico-racial avança na Conferência Nacional de Comunicação

•5 de Janeiro de 2010 • Deixe um Comentário

Organizações negras fizeram uma avaliação positiva da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), realizada de 14 a 17 de dezembro, em Brasília (DF). O encontro reuniu cerca de 1.600 delegados – entre sociedade civil, empresários e Poder Público – que tiveram a oportunidade de discutir o tema “Comunicação: meios para a construção de direitos e de cidadania na era digital”. No conjunto de aproximadamente 6 mil propostas enviadas pelos estados, os grupos de trabalho e a plenária final acolheram as principais demandas dos movimentos sociais que militam no campo da igualdade racial.

Além de encaminhar resoluções oriundas da II Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (II Conapir) referentes ao tema da Confecom, entre as principais propostas aprovadas estão: a aplicação das diretrizes estabelecidas no Plano Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Planapir) e na Conferência Mundial contra o Racismo (Durban, 2001); a adoção de ações afirmativas na mídia; a realização de censo étnico-racial nas empresas do setor; a participação negra na composição de um futuro Conselho Nacional de Comunicação; a criação de um observatório para questões raciais; a inclusão de critérios que contemplem os quilombolas nas concessões de radiodifusão, e a destinação de parte das verbas do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fuste) para o financiamento de projetos voltados à juventude negra.

Na avaliação dos representantes da Articulação Enegrecer – uma iniciativa de lideranças das Comissões de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojiras) – a Confecom representou um avanço. “Apresentamos cerca de 80 propostas e demonstramos que a população negra não só está interessada, como preparada para discutir políticas públicas de comunicação. No pós-conferência o desafio é monitorar o cumprimento das diretrizes traçadas”, avalia Juliana Nunes, jornalista, delegada que representou a Cojira do Distrito Federal.

Marco Antonio Pires Lima, um dos integrantes da delegação da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) à Confecom, observou que o evento foi estruturado para favorecer a exposição dos mais variados pontos de vista e, principalmente, o diálogo entre os segmentos sociais. “Portanto, o produto da Confecom reflete o que pensa a sociedade, com suas diferenciações e contradições”, acrescenta.

Ebonmy Conceição participou da Confecom na condição de observadora, a partir de indicação do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CONAPIR). Ela destacou que teve a oportunidade de conversar com vários empresários e perceber que hoje eles já admitem a exclusão a que está submetido o povo negro. “Mas conseguimos emplacar muitas propostas sobre a intolerância e o desrespeito contra os praticantes de religiões de matriz africana. Pela primeira vez na história, o povo de santo, do candomblé e afins estão tomando assento político num debate tão importante quanto é o da Comunicação”, ressaltou.

A SEPPIR utilizará as deliberações da 1ª Confecom para subsidiar as ações do Grupo de Trabalho de Comunicação, que está em processo de formalização, conforme reivindicação de comunicadores negros apresentada na II Conapir.

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fonte: Comunicação Social da SEPPIR /PR

Propostas estratégicas são aprovadas no GT 15

•16 de Dezembro de 2009 • Deixe um Comentário

As empresas de comunicação deverão realizar censo interno e pesquisas sobre os percentuais de trabalhadores negros em seus quadros. A proposta foi aprovada no GT 15 da CONFECOM e vai a plenário para homologação. Essa é apenas umas das vitórias obtidas pela articulação Enegrecer a CONFECOM, composta por jornalistas negros, vinculados às Comissões de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojiras). Outras questões importantes como concessões de outorgas para quilombolas e para comunidades tradicionais, e reserva de mercado para comunicadores afrodescendentes, também foram aprovadas no grupo depois de acordos entre os representantes dos movimentos sociais e do setor empresarial, comandado majoritariamente pela ABRA (Bandeirantes). Segundo Claudio Nogueira, diretor da Band Bahia, o setor empresarial praticamente não trouxe propostas para este eixo de discussão, por isso resolveu aprovar a maioria das propostas oriundas dos movimentos sociais e da sociedade civil. “Houve concessões dos dois lados para que grande parte das nossas propostas estratégicas e prioritárias fossem aprovadas. Mas prevaleceu basicamente o espírito das propostas de ações afirmativas para o setor”, argumenta Dalmo Oliveira, coordenador da ABRAÇO-PB e representante do Fórum Paraibano de Promoção da Igualdade Racial (FOPPIR).

GT 15 avança na aprovação de propostas do movimento negro

•16 de Dezembro de 2009 • Deixe um Comentário

 As discussões das propostas em grupos de trabalho (GTs) foram iniciadas no meio da tarde de hoje em 15 ambientes no Centro de Convenções de Brasília. Mesmo com as disputas ideológicas entre os segmentos e até intra segmentos, a avaliação das propostas oriundas dos estados estão sendo debatidas democraticamente na CONFECOM. Um dos GTs onde o clima foi mais pacífico e consesual foi o 15, onde os movimentos de luta pelos direitos humanos e pela diversidade, especialmente o movimento negro, de mulheres e LGBT apresentaram suas propostas. Uma das propostas importantes que passou por unanimidade foi a que recomenda aos sindicatos de trabalhadores na comunicação, especialmente jornalistas, realizarem censos e pesquisas para aferir a presença de profissionais afrodescendentes filiados às entidades sindicais. Já na questão de combate à homofobia foi aprovada, também por unanimidade, proposta que defende os direitos das famílias que não estão no padrão heterossexual. As mulheres também conseguiram aprovar propostas para inibir a exploração de suas imagens pela mídia, assim como mais espaço no mercado de trabalho da comunicação. “Avançamos em vários pontos e adiscussão foi muito equilibrada, tranquila e respeitosa. Agora vamos tentar costurar um consenso onde os movimentos sociais consolidem quatro propostas prioritárias, o segmento empresarial mais quatro e o poder público duas”, diz Juliana Nunes, diretora do Sindicato dos Jornalistas do DF, e uma das principais articuladoras do movimento Enegrecer a CONFECOM.

Agenda prioritária da articulação Enegrecer a Confecom

•14 de Dezembro de 2009 • Deixe um Comentário

Agenda prioritária da articulação Enegrecer a Confecom para a Primeira Conferência Nacional de Comunicação – de 14 a 17 de dezembro de 2009

Neste importante momento em que a sociedade brasileira repensa as políticas públicas de comunicação, a população negra reivindica o cumprimento dos princípios e diretrizes no âmbito da comunicação, igualdade racial, diversidade étnico-racial, cultural e de gênero previstas na Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Formas Correlatas de Intolerância (Durban 2001), nas conferências nacionais de Igualdade Racial, de Políticas para as Mulheres, Direitos Humanos e de Saúde, além do Plano Nacional de Políticas de Promoção de Igualdade Racial (Planapir).

Apresentamos abaixo, propostas de diretrizes mínimas para que o Brasil efetive a promoção da igualdade racial no campo da comunicação, entendendo que, sem a inclusão racial no âmbito da comunicação a democratização desse setor estaria irreversivelmente comprometida.

1 – Criação de uma política nacional de comunicação de enfrentamento do racismo e pela democratização da mídia, criando um observatório nacional para desenvolvimento de estudos sobre mídias e racismo (GT14);

2 – Inclusão, por parte de entidades da administração pública direta, autárquica ou fundacional, empresas públicas, sociedades de economia mista e privadas, cláusulas de participação de artistas em proporção não inferior a 50% de negros/negras do número total de artistas e figurantes, nos contratos de realização de filmes, programas, propagandas, telenovelas, peças teatrais ou quaisquer outros meio de comunicação de caráter publicitário (GT 15).

3 – Que a renovação das concessões tenha como um dos critérios as questões de gênero, faixa etária, diversidade sexual, étnico-raciais (GT 15).

4 – Garantia de concessões para comunidades tradicionais, com recorte para matriz africana: paridade racial e de gênero na publicidade; percentual nos sistema públicos, privados e estatal – para programas que tratem da história da África e da população de origem africana e indígena no Brasil, considerando a lei 10.639; participação do movimento negro e indígena organizado no Conselho de Comunicação Social e demais órgãos de regulação; política específica de inclusão digital para as comunidades tradicionais; criação de penalidades específicas para combater o racismo e todas as demais formas de discriminação e exclusão nos meios de comunicação (GT 15 – 4661).

5 – Criação de editais públicos para o financiamento e o apoio aos veículos de comunicação alternativos e produções de comunicadores, artistas e comunidades negras/indígenas em geral (GT9);

6 – Garantia de recursos de recorte racial no Fundo de Universalização das Telecomunicações (Fust) para a realização de projetos na área de tecnologia da informação e comunicação para a juventude negra (GT 15);

7 – Incentivo à criação e ao funcionamento de rádios comunitárias em áreas habitadas pela população negra e quilombola como forma de assegurar o direito a informação e cultura dessas comunidades (GT5);

8 – Realização de censo étnico-racial, de gênero e orientação sexual nos veículos de telecomunicação e de comunicação (públicos, educativos, privados e comunitários) (GT15);

9 – Capacitação de núcleos jurídicos para que a população negra e afroreligiosa seja devidamente assistida em casos de violação de direitos na mídia, garantindo direito de resposta ou mesmo processo judicial contra os veículos de comunicação responsáveis pela divulgação de imagens ou informações estigmatizadoras ou inverídicas (GT 15).

10 – Incentivo à utilização de novas tecnologias e redes sociais por pontos de cultura, comunicadores, artistas negros/indígenas e afroreligiosos empenhados em efetivar o direito a informação, comunicação e cultura, além de combater o racismo, a discriminação, a intolerância religiosa e homofobia (GT 15).

Articulação Enegrecer a Confecom

– Comissões de Jornalistas pela Igualdade Racial e Núcleo de Jornalistas Afrodescendentes

(Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Distrito Federal, Alagoas e Paraíba)

– Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraço)

– Coletivo de Entidades Negras (Cen)

– CMA Hip Hop

– Geledés – Instituto da Mulher Negra

– Griô Produções

– Movimento Negro Unificado (MNU)

– União de Negros pela Igualdade

– Fórum de Religiões de Matriz Africana

– Associação Cultural Marcus Garvey (MG)

– Intervozes

– Liberta – Rede de Mulheres em Comunicação (PB)

– Associação dos Comunicadores Sociais do Pará (ACPA)

– Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB)

– Agência Afro-Latina e Euro-americana de Informação (Alai)

– Instituto Mídia Étnica

– Centro de Estudo de Trabalho e Desigualdade (Ceert)

– Educafro

– Central Única de Favelas (Cufa)

– Novos rumos – Jornalistas em Movimento (PB)

Comunicadores negros e negras se reúnem em encontro pré-Confecom

•11 de Dezembro de 2009 • Deixe um Comentário

Neste sábado (12), comunicadores negros e negras estão convidad@s a
participar de encontro preparatório para a 1ª Conferência Nacional de
Comunicação. Das 9h às 17h, no auditório do Sindicato dos Urbanitários
(Setor Comercial Sul), serão debatidas as propostas enviadas pelas
instâncias regionais na área de comunicação e igualdade racial, além
de definidas prioridades para a conferência. A participação é aberta a
todos e todas interessadas neste debate.

O encontro foi organizado pela Articulação Enegrecer a Confecom, que
reúne cerca de 30 entidades, e conta com o apoio da Secretaria
Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).

Estas entidades realizaram conferência livres da população negra
durante os processos locais e desejam, no âmbito da Conferência
Nacional, atuar de maneira conjunta com os segmentos da sociedade
civil da área de igualdade racial, combate ao racismo e promoção da
diversidade étnico-racial, de gênero e orientações sexual.

Neste sentido, no dia 15, ao meio-dia, uma nova reunião de
comunicadores negros e negra ocorrerá, já no Centro de Convenções,
para avaliarmos o andamento da conferência e a forma como nossas
demandas estão sendo encaminhadas.

Agenda

Enegrecer a Confecom – Encontro pré-conferência
Local: Sindicato dos Urbanitários do Distrito Federal (SCS Q. 6, Ed.
Arnaldo Villares, 7º andar)

Programação:
9h às 10h30 – Apresentação e resumo dos processos locais
10h30 ao 12h – Análise da conjuntura e dos espaços de incidência
durante a conferência
12h às 13h30 – Almoço (por conta de cada participante)
13h30 às 16h –  Construção da Agenda “Comunicação e Igualdade Racial –
pautas prioritárias para a Conferência Nacional de Comunicação”
17h – Encerramento

Articulação Enegrecer a Confecom

– Comissões de Jornalistas pela Igualdade Racial e Núcleo de
Jornalistas Afrodescendentes
(Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Distrito
Federal, Alagoas e Paraíba)
– Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraço)
– Coletivo de Entidades Negras (Cen)
– CMA Hip Hop
– Geledés – Instituto da Mulher Negra
– Griô Produções
– Movimento Negro Unificado (MNU)
– União de Negros pela Igualdade
– Fórum de Religiões de Matriz Africana
– Associação Cultural Marcus Garvey (MG)
– Intervozes
– Liberta – Rede de Mulheres em Comunicação (PB)
– Associação dos Comunicadores Sociais do Pará (ACPA)
– Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB)
– Agência Afro-Latina e Euro-americana de Informação (Alai)
– Instituto Mídia Étnica
– Centro de Estudo de Trabalho e Desigualdade (Ceert)
– Educafro
– Central Única de Favelas (Cufa)
– Novos rumos – Jornalistas em Movimento (PB)

Ativistas do movimento negro fazem reunião pré-CONFECOM em Brasília

•10 de Dezembro de 2009 • Deixe um Comentário

Oliveira é um dos ativistas negros observador na CONFECOM (foto: Fabiana Veloso)

Tudo pronto para a CONFECOM e um dos segmentos sociais mais atuantes nesse processo realiza neste sábado,12, uma reunião preparatória à conferência. Estamos falando dos comunicadores, principalmente jornalistas, que militam nas Comissões pela Igualdade Racial (Cojiras) ligadas aos sindicatos dos jornalistas do Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Alagoas e Paraíba.

O evento, apoiado pela Secretaria Especial de Promoção de Políticas pela Igualdade Racial (Seppir), vinculada à Presidência da República, acontece durante todo o sábado na sede do Sindicato dos Urbanitários no Distrito Federal – SCS Q. 6, Ed. Arnaldo Villares, 7º andar.

“A idéia é proporcionar um momento presencial para os delegados da CONFECOM que atuam nos movimentos negros em seus respectivos estados, para definirmos um foco comum às propostas que dizem respeito diretamente à luta anti-racista nos meios de comunicação”, diz o jornalista Dalmo Oliveira, membro do Fórum Paraibano de Promoção da Igualdade Racial (FOPPIR).

Seminário discute o papel da mídia na produção de conteúdo sobre afrodescendentes no Censo 2010

•3 de Dezembro de 2009 • Deixe um Comentário

A Comissão de Jornalistas Pela Igualdade Racial do Rio (Cojira-Rio), vinculada ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro (SJPMRJ), realiza no próximo dia 09/12, a partir das 19h, o Seminário “O papel da mídia e o impacto na opinião pública sobre os dados desagregados de raça e etnia no Censo 2010”. O evento integra a programação anual da Cojira-Rio no mês de dezembro pelo Dia Internacional da Declaração Universal dos Direitos Humanos. A entrada é franca.

O encontro, que acontecerá no auditório do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, à Rua Evaristo da Veiga 16, 17º andar – Centro/RJ, vai reunir especialistas em indicadores econômicos, pesquisadores, jornalistas, estudantes e interessados em avaliar o papel da mídia brasileira na produção de conteúdos e na sensibilização junto à opinião pública a partir dos dados desagregados de raça e etnia que serão coletados no próximo Censo.

Em 2010, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vai realizar a coleta de dados que irá compor o mais completo retrato da população brasileira. Pela primeira vez, o Censo vai incorporar os itens “raça e etnia” na pesquisa feita pelos recenseadores em todos os domicílios residenciais. Até agora, os dados divulgados pelo IBGE sobre essa temática eram realizados apenas por amostragem.

O Censo 2010 irá orientar todo o planejamento público e privado na próxima década. Portanto, a desagregação dos dados por raça e etnia deverá influenciar no aperfeiçoamento das políticas públicas de combate ao racismo e promoção da igualdade racial e étnica no Brasil. Neste sentido, opinião pública precisa ter acesso às informações e ser sensibilizada a partir da produção de conteúdos que visibilize as condições sócio-econômicas de afrodescendentes e indígenas no país.

Os palestrantes serão Maria Inês Barbosa, coordenadora do Programa Gênero, Raça e Etnia do UNIFEM (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher) Brasil e Cone Sul – que virá de Brasília especialmente para o evento –, José Luis Petruccelli (pesquisador titular do IBGE), Wania Santanna (consultora da Ouvidoria da Petrobras e membro do Grupo de Trabalho Afrodescendentes das Américas) e Aziz Filho (jornalista e gerente regional da TV Brasil). A mediação será da jornalista Angélica Basthi.

O Seminário “O papel da mídia e o impacto na opinião pública sobre os dados desagregados de raça e etnia no Censo 2010” é uma realização da Cojira-Rio vinculada ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro.

SERVIÇO
Evento: Seminário O papel da mídia e o impacto na opinião pública sobre os dados desagregados de raça e etnia no Censo 2010
Data: 09/12/09 (quarta-feira)
Horário: Das 19h às 21h
Local: Auditório do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro, à Rua Evaristo da Veiga 16, 17º andar – Centro/RJ
Entrada franca!

A mídia é um dos principais reprodutores da lógica racista

•3 de Dezembro de 2009 • Deixe um Comentário

Paulo Rogério Nunes – Por Sivaldo Pereira, para o Observatório do Direito à Comunicação

Formado em Comunicação Social pela Universidade Católica do Salvador (UCSAL) e especialista em Política e Estratégia pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Paulo Rogério Nunes é fundador e diretor-executivo do Instituto Mídia Étnica. O instituto é uma das primeiras e principais referências da discussão sobre a diversidade étnica na mídia do Brasil, país que, como lembra Paulo Rogério, é composto por uma maioria afro-descendente esquecida pelo “mercado” e escondida pela mídia.

Paulo Rogério é também fellow da Ashoka Empreendedores Sociais, tendo seu trabalho reconhecido nacional e internacionalmente como militante do Movimento Negro e na luta pelo Direito à Comunicação. É articulador do portal colaborativo www.correionago.com.br, gerenciado pelo Instituto Mídia Étnica.

Às vésperas da 1ª Conferência Nacional de Comunicação, Paulo Rogério ajuda a articular o movimento “Enegrecer a Confecom”, que visa “aprofundar a reflexão sobre o combate ao racismo na mídia”. Nesta entrevista, ele enumera diversas medidas que acredita importante serem defendidas pelos movimentos negro e anti-racistas na Confecom, como a criação de um órgão que fiscalize a diversidade na mídia e o estabelecimento de punições mais duras para os veículos que veiculem conteúdo racista ou que desrespeitem a representação da diversidade da população brasileira.

Atualmente, que avaliação o senhor faz acerca da veiculação de conteúdos racistas ou a violação ao direitos humanos de grupos étnicos na TV, rádio e imprensa brasileira? Algo melhorou desde a promulgação da Constituição de 1988 ?
Apesar dos avanços obtidos após a promulgação da Constituição Cidadã, a imagem dos afro-brasileiros na mídia ainda é, em geral, estereotipada ou manchada de sangue. A contribuição civilizatória dos africanos para o Brasil é constantemente negada, em nome de uma hipervalorização da estética européia. Ainda hoje, no início do século XXI, somos representados como minoria – em um país que, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), terá maioria negra até 2015. Nunca fomos e não seremos minoria no Brasil. Somente nos últimos anos que as agências de publicidade começaram a perceber que existe um público consumidor negro sub-representado nas campanhas publicitárias e que é tolice não representar a diversidade étnico-racial brasileira em seus anúncios. Mas, ainda há muito que se fazer na publicidade, no cinema e, sobretudo, no jornalismo. Na realidade, além de leis que coíbam o racismo na mídia, precisamos trabalhar na formação dos profissionais de comunicação que estão saindo das faculdades imbuídos das premissas racistas que estão arraigadas na cultura brasileira. É preciso que os cursos de Comunicação Social incorporem a questão racial como um debate necessário para a formação de comunicólogos. Sem essa formação educativa e sem uma legislação que seja incisiva na punição dos crimes de racismo na mídia a população negra do Brasil ainda sofrerá muitos anos por conta da invisibilidade e dos estereótipos.

Na sua opinião, o movimento negro brasileiro tem debatido comunicação e mídia de forma devida ou ainda estaria pouco atento à esta dimensão ? O que é preciso fazer para fortalecer este envolvimento?
O Movimento Negro sempre discutiu comunicação, pois sabemos que a mídia é um dos principais setores reprodutores da lógica racista. Se passarmos algumas horas monitorando os programas de televisão, não é difícil encontrar insinuações racistas sutis ou até mesmo explícitas. A questão é que a comunicação é tradicionalmente uma área cercada por uma aura de glamour, com seus termos técnicos pouco acessíveis aos “não iniciados”. Esse caráter hermético e “sagrado” da comunicação afasta os movimentos sociais que terminam delegando aos seus assessores de imprensa (quando possuem) toda a reflexão sobre comunicação. Nesse sentido poucos movimentos sociais incorporaram a discussão sobre comunicação como uma agenda estratégica para alcançar seus objetivos políticos. É por isso que o Movimento Negro possui historicamente uma baixa participação nas discussões sobre comunicação o que não o difere de outros movimentos sociais. Mas esse quadro está mudando, hoje várias organizações tradicionais do segmento negro estão participando das discussões sobre a Conferência Nacional de Comunicação e recentemente foi criada uma articulação chamada “Enegrecer a Confecom”, com o objetivo de aprofundar a reflexão sobre o combate ao racismo na mídia. Participam dessa articulação sindicatos de jornalistas, por meio de suas comissões por igualdade racial, organizações nacionais, ONGs e profissionais independentes de todo o país. A idéia é que antes da realização da Conferência em dezembro tenhamos uma plataforma de propostas do movimento negro para serem discutidas e que após a Conferência essa articulação continue para monitorar a implementação das políticas públicas de comunicação e criar uma rede de cooperação entre as entidades.

O sistema de cotas para grupos étnicos historicamente oprimidos (como afro-descendentes) vem sendo adotado em diversas universidades brasileiras. Isso se tornou um símbolo das políticas afirmativas no Brasil. Passado já esta primeira fase, que avaliação o senhor faz deste mecanismo, quais seriam hoje os seus efeitos reais?
O sistema de cotas é apenas um braço do que chamamos “Ações Afirmativas”. Apesar de tanta polêmica, o que mais interessa ao movimento negro e aos segmentos anti-racistas não é somente o acesso de jovens negros nas universidade, mas a permanência destes, a garantia que terão uma boa formação e, sobretudo, o acesso destes ao mercado de trabalho e/ou pós graduação. Nesse sentido, é preciso entender que ainda estamos lutando para garantir a primeira fase dessa batalha, o que significa que a sociedade brasileira é mais conservadora do que imaginávamos. Não é por acaso que grandes emissoras de TV, revistas de grandes circulação e sites de prestígio dão tanto espaço para pretensos acadêmicos condenarem o sistema de cotas, e por conseqüência, toda e qualquer ação reparatória para a população afro-brasileira. Já foi provado que o sistema de cotas tem não somente o efeito prático de garantir a eqüidade no processo seletivo do vestibular, mas que possui um efeito psicológico na vida de muitos jovens negros que acreditavam ser impossível entrar nas universidades públicas sem ao menos tentar. Além disso, o acesso de afro-brasileiro ao ensino superior tem contribuído para melhor diversificar o leque de produções acadêmicas, pois estes jovens trazem a perspectivas de suas comunidades para a sala de aula, e por conseqüência, trazem novos olhares para a produção científica nacional. Por fim, podemos dizer que, assim como o enfrentamento ao grande latifúndio midiático do Brasil, a questão da inclusão dos negros nas universidades é um desafio muito grande que precisa ser enfrentado, a despeito da reação conservadores dos que querem a manutenção do status quo e da supremacia da branquitude.

O senhor acredita que é necessário estabelecer cotas na programação do rádio e da TV voltadas especificamente para veicular conteúdo sobre as diversas culturas e etnias como os afro-descendentes ou povos indígenas nativos ? Como garantir que essa diversidade seja constante na programação radiofônica e audiovisual?
O Estatuto da Igualdade Racial – que tramita há aproximadamente dez anos no Congresso Nacional – possuía um capítulo de comunicação, no qual exigia uma quantidade não inferior a 25% de atores negros nas produções audiovisuais. Infelizmente, assim como o capítulo que trata das terras quilombolas e o que propõe ações afirmativas na educação, a questão da comunicação foi retirada por pressão dos segmentos conservadores. Essa foi uma grande perda para o Movimento Negro no Brasil. Apesar disso, sabemos que, mesmo com a legislação coibindo a invisibilidade dos negros da mídia, na prática precisamos, com urgência, de discussão com os produtores de mídia no sentido de convencê-los a mudarem prática e valores. Não é possível que nem mesmo a TV pública, conforme pesquisa do doutor Joel Zito Araújo, incorpore a questão da diversidade étnico-racial como um valor. Os números mostram que cerca de 90% dos apresentadores e jornalistas das TVs públicas são brancos. Espero que a Conferência Nacional de Comunicação possa refletir sobre essa negação de nossa identidade e busque se espelhar em modelos já adotados por outras sociedades multirraciais, como é o caso do Canadá, que possui uma agência que monitora a diversidade dos veículos; a África do Sul que, depois do apartheid, entende a eqüidade racial como um princípio; e os Estados Unidos, que já tem uma longa tradição de promover a igualdade racial na mídia. Esses são modelos disponíveis que precisam ser estudados. O mundo espera do Brasil uma resposta histórica no que diz respeito à inclusão da população negra. Todos os países que acabei de citar, por exemplo, já elegeram chefes de estado negros, até mesmo a África do Sul que teve um regime considerado o mais racista do mundo. O que estamos esperando?

Em muitos países onde existem sistemas públicos de comunicação, há canais especificamente voltados para veiculação de programação de diferentes etnias ou culturas que constituem suas populações, como é o caso da Austrália (com a SBS). O senhor acha benéfica a existência desses canais específicos ou acredita que tal especificidade é ruim por colocar tais culturas num patamar separado ?
Seja qual for o modelo que adotemos, caso a eqüidade racial e de gênero se configure como um princípio inviolável estaremos no caminho certo. Penso que canais específicos para grupos sociais e étnico-raciais são importantes, pois concentram vozes que estão na mesma sintonia. Gosto da idéia de termos uma concessão de TV para o Movimento Negro, como espero que tenhamos um canal específico para o movimento LGBTT. Não penso que um canal voltado para discutir as especificidades dos afro-brasileiros não irá colocar a cultura negra em um patamar diferenciado, pois com a nova conjuntura de convergência de mídias e a própria TV Digital, a segmentação será quase uma imposição técnica, o que pode ampliar o número de vozes no debate público. Porém, mais que tudo, penso ser muito importante que nosso novo marco regulatório possa punir, inclusive com perda da concessão, veículos que promovam o racismo em sua programação e que não possuam o número de negros condizente com a realidade racial do país. Além disso, não podemos pensar em igualdade racial na mídia sem ter em mente que isso implica em repensar as políticas de recursos humanos dessas empresas. Qual o motivo do jornalismo ser a profissão no Brasil com o menor número de negros, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE)? Portanto, penso que devemos ter um órgão fiscalizador da diversidade na mídia como existe em alguns países.

Diante da 1ª Conferência Nacional de Comunicação, que acontecerá de 14 a 17 de dezembro neste ano em Brasília, o Instituto de Mídia Ética tem propostas a apresentar? Poderia nos fazer uma síntese ou nos indicar as principais diretrizes para a relação saudável entre etnias, multiculturalismo e meios de comunicação?
Estamos sistematizando e estudando uma série de propostas elaboradas pelo Movimento Negro em fóruns, encontros e até mesmo em outras conferências como a de Juventude e Igualdade Racial, nessa última, por exemplo, criamos, em 2005, um Grupo de Trabalho que tinha como principal bandeira a necessidade da realização da Conferência Nacional de Comunicação. Em geral nossas propostas são relacionadas ao fim da invisibilidade dos negros na mídia, a criação de mecanismos para punir o racismo nos meios de comunicação e a necessidade da apropriação das tecnologias de comunicação e informação pela comunidade negra tendo como meta o fim do apartheid digital. A articulação “Enegrecer a Confecom” realizará alguns encontros antes da Conferência com objetivo de criar uma plataforma comum de propostas dos vários grupos e segmentos do Movimento Negro. Nós do Instituto Mídia Étnica já apresentamos algumas na Etapa baiana da Confecom. Em geral queremos a incorporação da diversidade étnico racial em todas as políticas de comunicação seja na produção, distribuição ou regulação dos meios.

O senhor foi eleito na etapa baiana da Confecom e estará em Brasília como delegado pelo seu estado. No plano regional e nacional,o senhro acredita que esta primeira Confecom pode de fato mudar a comunicação do país? Ou terá efeitos limitados? Que saldo poderemos esperar ao fim deste processo?
Estamos diante de um momento realmente histórico. Nós que militamos no Movimento pela Democratização da Comunicação sonhamos há anos por esse tipo de conjuntura, na qual de norte a sul do país existem mobilizações em torno do tema. Isso por si só já seria um resultado positivo do processo das conferências estaduais. É claro que isso é pouco, pois esperamos que a Conferência de Comunicação possa dar as diretrizes políticas para a comunicação brasileira. É claro que sabemos que existem limitações objetivas, como o fato dessa mobilização acontecer quando as primeiras luzes do governo começam a ser apagados e que não há garantia, ao que parece, de que as propostas sejam implementadas. Mas creio que o efeito dessa discussão dentro dos movimentos sociais, ONGs, partidos políticos e demais grupos de interesse possam gerar uma atmosfera de cobrança e mobilização continuada. Além disso, creio que será difícil para os candidatos no próximo ano não tocarem nas resoluções que serão aprovadas na Conferência, o que significa que a discussão sobre comunicação não será mais um tabu. Mas para que tudo aconteça, será necessário muita articulação dos movimentos sociais e uma entendimento melhor sobre a conjuntura política na qual estamos inseridos.

MÍDIA E CENSO EM 2010

•2 de Dezembro de 2009 • Deixe um Comentário
Ano que vem acontecerá o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para sabermos quantos brasileiros somos e também descobrirmos e confirmarmos outros dados, que nos servem para a elaboração de políticas públicas.

E como os meios de comunicação social poderão trabalhar com informações sobre raça e gênero produzidos pelo Censo 2010?

Para responder esta e outras perguntas relacionadas a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro (Cojira/SJPMRJ) promoverá na próxima quarta-feira, nove de dezembro, o seminário “Mídia e Censo 2010: o papel da mídia e o impacto na opinião pública sobre os dados desagregados de gênero e raça”. O evento acontecerá às 19 horas no auditório do sindicato, na Rua Evaristo da Veiga, 16, 17º andar, Centro (Cinelândia) do Rio de Janeiro.

O objetivo é proporcionar o debate e a reflexão sobre a produção de conteúdo a respeito deste tema pelos meios de comunicação e, em consequência, como eles sensibilizam o público cidadão/consumidor de suas mensagens, principalmente as matérias produzidas pelas equipes de reportagem e produção.

A jornalista e escritora, Angélica Basthi, mediará a mesa de palestrantes que contará com Maria Inês Barbosa, coordenadora do Programa Regional de Incorporação das dimensões de Gênero, Raça e Etnia nos Programas de Combate à Pobreza da Bolívia, Brasil, Guatemala e Paraguai da Unifem Brasil e Cone Sul; da professora e historiadora, Wania Santana e do pesquisador do IBGE, José Luis Petrucelli.

02/12/09

Fonte: http://justicaedesenvolvimento.blogspot.com/2009/12/midia-e-censo-em-2010.html

Coordenação Cojira-Rio: Angélica Basthi, Miro Nunes e Sandra Martins

Nós e a Conferência Nacional de Comunicação

•1 de Dezembro de 2009 • Deixe um Comentário
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por: Nilza Iraci – Presidenta do Geledés Instituto da Mulher Negra

“A lição sabemos de cor,

só nos resta aprender…”

Sol de Primavera – Beto Guedes e Ronaldo Bastos

 

nilzaAs Conferências nacionais tem se constituído em espaços de discussão entre poder público e sociedade civil, e tem sido marcadas por intensos debates sobre a implementação de políticas públicas no país. É uma espécie de arena de disputas político-ideológicas, de sentidos, de busca de convergências. Tem sido assim desde 1941, quando foi realizada a 1ª Conferência Nacional de Saúde,  no Rio de Janeiro e já mobilizaram milhões de pessoas.

 

Mais do que as Conferências, ou evento, o mais importante são seus processos de mobilização, que tem possibilitado a articulação da sociedade civil em torno de determinados temas, alguns considerados periféricos, e que tem sido refletidos pelo conjunto dos movimentos sociais. Como o racismo e o sexismo, por exemplo.

 

Não tem sido diferente em relação à 1ª Conferência Nacional de Comunicação, que tem cumprido um papel fundamental de trazer para o cenário nacional a reflexão de que Comunicação é muito mais que a disputa por espaços na mídia. O próprio tema Central: Comunicação: meios para a construção de direitos e de cidadania na era digital, e seus três eixos temáticos Produção de ConteúdoMeios de Distribuição eCidadania: Direitos e Deveres já apontam para isso.

 

O processo preparatório da Confecom tem demonstrado que a sociedade civil enfrenta um enorme desafio, que ultrapassa discursos e palavras de ordem. Que, em última instância, deveria ser qualificação já! – e não necessariamente especialização – para que o lema “Da Comunicação que temos à Comunicação que queremos” se torne mais que retórica.

 

Isso significa aprofundar nossos conhecimentos sobre tudo aquilo que envolve a democratização da comunicação, como a concentração dos meios de comunicação nas mãos de grandes corporações impedem uma sociedade livre e verdadeiramente democrática; sobre os princípios da produção e programação das emissoras de rádio e TV, sobre legislação, o direito de antena, enfim como exercer o controle e fiscalização sobre as instâncias públicas e privadas.

 

Entender que para além das mídias tradicionais, convivemos hoje com novos modelos de mídias alternativas e digitais capazes de construir modelos contra-hegemônicos de comunicação,  e que para isso temos que levar em conta que o acesso a essas novas tecnologias  tem que ser discutidas à luz  da exclusão de gênero, raça, etnia, regionalização.

 

O processo de construção da Confecom tem sido marcado por problemas de ordem política e ideológica, em especial por parte dos governos – municipais, estaduais e federal e pela agressiva ação do setor empresarial, preocupadíssimo com o fantasma do controle público, colocando para a sociedade civil a tarefa de superar uma verdadeira corrida de obstáculos. Mas já temos  indícios de que podemos transformar esse cenário e vencer as barreiras e  a Conferência Paulista de Comunicação é um forte indicativo de como podemos avançar, mesmo diante das adversidades.

 

Realizada nos dias 20, 21 e 22 de novembro, a Conferência Paulista de Comunicação reuniu centenas de pessoas da sociedade civil, empresários e governo, entre especialistas ou não na área. Estiveram lá representantes de movimentos defendendo que o direito à comunicação é um direito fundamental, como o direito à saúde, educação, moradia, segurança, e que na maioria das vezes, tem sido também responsável pelas assimetrias de gênero, raça, classe, orientação sexual na sociedade.

As organizações do movimento social de São Paulo deram uma demonstração de como é possível o exercício da democracia com maturidade e responsabilidade, fatos que já vem marcando todo o processo de construção da Confecom em suas etapas estaduais e municipais.

E também ousou. Ao aprovar por aclamação (incluindo voto do setor empresarial) que a Conferência fosse dedicada ao líder negro Zumbi dos Palmares; ao aprovar moções chamando a atenção sobre como o aborto está sendo tratado em folhetim televisivo, denunciando cenas de racismo explícito em novela, e  elegeu uma delegação plural e representativa (veja abaixo). Um exemplo marcante dessa pluralidade fica por conta da Marcha Mundial de Mulheres que explicita seu compromisso com a diversidade ao indicar, para sua única vaga na delegação, uma jovem ativista negra.

 

Tudo isso merece uma comemoração, sem esquecer, entretanto que  ainda há uma grande batalha pela frente, mas os movimentos sociais organizados demonstraram que podem juntos, ensinar democracia e solidariedade. Agora é manter o espírito até a Confecom nacional.

 

A Conferência Paulista elegeu  84 delegados da Sociedade Civil, 84 da Sociedade Civil Empresarial e 21 do Poder Público

Confira a lista de integrantes da delegação eleita pela sociedade civil paulista para a etapa nacional da Confecom.

Nome Segmento/Entidade Cidade
Agildo Nogueira Junior Campinas Campinas
Altamiro Borges Portal Vermelho São Paulo
Beatriz Costa Barbosa Intervozes São Paulo
Bernarda Perez Movimento de moradia São Paulo
Caio Rubens de Campos Zinet Enecos Santo André
Ckristiani Albuquerque Costa Abraço Campinas
Cristiane Alves da Silva Osasco Osasco
Daniela de Melo Custodio Escritório Modelo Dom Paulo Evaristo Arns São Paulo
Débora Gonçalves Força Sindical São Paulo
Diogo Moyses Rodrigues IDEC São Paulo
Edson Amaral Sindicato dos Radialistas São Paulo
Eduardo Guimarães Blog da Cidadania São Paulo
Edvaldo Antonio de Almeida Vale Paraíba São José dos Campos
Ernesto Shuji Izumi CUT São Paulo
Fabiana Caramez Sorocaba Sorocaba
Iracema Schoeps Grande ABC Diadema
Ivete Cardoso do Carmo Roldão Campinas Campinas
Jacira Melo Instituto Patrícia Galvão São Paulo
Jaqueline Silva Lima Viração São Paulo
Jerry Alexandre de Oliveira Abraço Campinas
João Caldeira Brant Monteiro de Castro Intervozes São Paulo
João Xavier Campinas Campinas
José Antonio de Jesus da Silva Fitert São Paulo
José Augusto de Oliveira Camargo Sindicato dos Jornalistas São Paulo
José Carlos da Silva Brito CNAB São Paulo
José Eduardo Souza Abraço São Paulo
José Luiz Vieira Müller Campinas Campinas
Juliana Borges da Silva UEE São Paulo
Juliane Cintra de Oliveira Marcha Mundial das Mulheres São Paulo
Kleiton Ramos da Silva Alto Tietê Suzano
Leandro Frenham Chemalle Movimento Software Livre São Paulo
Leandro Luiz Catalano Araraquara/São Carlos São Carlos
Leonardo Carvalho Cordeiro Crianças e adolescentes São Paulo
Leonardo de Oliveira Bueno Grande ABC Santo André
Lidia Correa da Silva CMB São Paulo
Lilian C. R. Romão Viração São Paulo
Lilian Mary Parise CUT Campinas
Luana Meneguelli Bonone UNE São Paulo
Lúcia de Fátima Rodrigues Gonçalves Sindicato é pra Lutar São Paulo
Luciana Gomes de Araújo Revista Debate Socialista São Paulo
Luiz Marcos Ferreira Junior Bauru/Marília Bauru
Madalena Maria Rodrigues Guarulhos Guarulhos
Marccella Lopes Berte Meio ambiente São Paulo
Márcia Regina Nestardo União Brasileira de Mulheres São Paulo
Márcia Regina Quintanilha Sindicato dos Jornalistas Campinas
Marco Antonio Ribeiro Sindicato dos Radialistas São Paulo
Marcos Milanez Rodrigues Sintetel São Paulo
Maria de Fátima Nassif CRP-SP São Paulo
Maria de Lourdes Alves Rodrigues Liga Brasileira de Lésbicas Jundiaí
Maria de Lourdes Silva Bauru/Marília Pompéia
Maria Fernanda Bombonatti Portolani Baixada Santista Santos
Mariana Felippe de Oliveira Baixada Santista Santos
Mariana Meriqui Rodrigues Liga Brasileira de Lésbicas São Paulo
Marina Giancoli Cardoso Pita Intersindical São Paulo
Marli José da Silva Barbosa (Iyá Ekedji Ogunlade) CENARAB Praia Grande
Mateus Zimmernann Música pra Baixar São Paulo
Mila Freitas Lourenço Sanches Molina Artigo 19 São Paulo
Miriam Leirias CUT São Paulo
Mirta Maria Gonzaga Fernandes Associação Cidadania e Saúde São Paulo
Muna Zeyn Movimento de Mulheres São Paulo
Neusa Maria de Melo Sindicato dos Jornalistas São José dos Campos
Nilza Iraci Geledés São Paulo
Paulo de Tarso Gracia Confederação Nacional dos Trabalhadores Químicos São Paulo
Pedro dos Santos Ekman Simões Intervozes São Paulo
Pedro Estevam da Rocha Pomar Sindicato é pra Lutar São Paulo
Rachel Moreno Campanha pela Ética na TV São Paulo
Raquel H. Quintino de Oliveira Grande ABC Santo André
Renata Vicentini Mielli Portal Vermelho Itapevi
Rita de Cássia Braga Ronchetti Articulação Mulher e Mídia São Paulo
Rita de Cássia Freire Rosa Ciranda da Informação Independente São Paulo
Ronaldo Werneck Gonçalves Araçatuba Araçatuba
Rosa de Lourdes Azevedo dos Santos Rede Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos São Paulo
Rosangela Malachias CEERT São Paulo
Rute Hernandes Rosa Ramos da Silva Baixada Santista Santos
Sandra Maria Mariano da Silva CONEN São Paulo
Sérgio Ipoldo Guimarães Sindicato dos Radialistas São Paulo
Sueli Ferreira Schiavo CRP-SP Santo André
Tamara Amoroso Gonçalves Instituto Alana São Paulo
Tarcísio Geraldo Faria Cedisp São Paulo
Terezinha de Jesus Vicente Ferreira Articulação Mulher e Mídia São Paulo
Ubiraci Dantas de Oliveira CGTB São Paulo
Valério Freire Paiva Enecos São Paulo
Vanessa Silva Apijor São Paulo
Vera Lúcia Lemos Soares Observatório da Mulher São Paulo
Total: 84
Total de mulheres: 51 60,70%
Total do interior: 29 34,50%